Contribuição para a Crítica da Economia Política, de Karl Marx
MARX, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. 2. ed. Lisboa: Estampa, 1973. 365p. (Teoria; v. 8). *
Sem
dúvida, a obra mais importante na construção da minha formação e compreensão de
mundo nesta biblioteca é “Contribuição para a Crítica da Economia Política”.
Diante da necessidade mais elementar
de vendermos nossa força de trabalho para garantirmos a reprodução da vida, que
também evidenciamos no Direito em virtude da permanente e profunda
proletarização da profissão, bem como de toda a mercadoria que nos rodeia ser produzida
com mais valia e o trabalho estranhado no Brasil ocupar pelo menos 1/3 de cada
dia de vida dos homens e mulheres, Marx esclarece a anatomia da Sociedade Civil
pautada na Economia Política e centralidade do trabalho.
Na produção social da vida, originam-se
relações determinadas e independentes da vontade dos homens. Essas relações de
produção correspondem a determinado momento de desenvolvimento das forças
produtivas materiais, o escravo, o servo, e atualmente o trabalhador, conforme
os distintos momentos de desenvolvimento.
Para
Marx, “o conjunto das relações de produção
forma a estrutura
econômica da sociedade(...) o modo
de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e
espiritual em geral.”
O grande salto qualitativo aqui, se
expressa no movimento dialético de confronto entre contradições e superação dos
modelos de produção.
Aparece a grande ilusão dos
incautos: sim! Nascemos e possivelmente morreremos durante o modo de produção
capitalista, entretanto, não existe estagnação nas relações sociais. E assim
como houve a superação do modelo de produção feudal, asiático e escravista, uma
nova forma de organização suplantará o modelo capitalista. É o movimento
dialético da história.
Isso acontece quando, em certo
período de desenvolvimento, as forças produtivas materiais (instrumentos de
produção, técnicas, tecnologias)
não são mais
compatíveis à forma de
organização da produção.
Quando ocorre, as relações de
produção atuais e sua expressão jurídica são óbices ao contínuo desenvolvimento
das forças produtivas. Estala-se um período de revolução social. Bom exemplo é
a necessidade da Revolução Francesa para combater o feudalismo e construir o
capitalismo em novos marcos jurídicos burgueses, diante da transformação das
forças produtivas ocorrida e da nova classe em ascensão: “Ao mudar a
base econômica, revoluciona-se, mais ou menos
rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela.”
No desenvolvimento das forças
produtivas, contradições materiais em seu meio nos permitem a solução dos
antagonismos e “nenhuma formação social desaparece antes que se desenvolvam
todas as forças produtivas que
ela contém, e jamais aparecem relações de produção novas e mais altas antes de
amadurecerem no seio da própria sociedade antiga as condições materiais para a
sua existência.”
Sendo assim, a humanidade se coloca
objetivos que pode alcançar, objetivos que se criam somente
quando já estão
em gestação condições materiais
para sua realização.
E aqui está a relevância dessa obra,
diante das doenças do trabalho, do trabalho precário, trabalho informal,
trabalho análogo ao escravo, do excedente expropriado pelo empregador, do roubo
do tempo de vida dos homens, pelo e para o capital, só existe uma opção: a
contradição capital/trabalho no desenvolvimento das forças produtivas será
necessariamente superada por uma nova sociedade, um modelo de organização de
produção socialista, gerido pela maioria explorada, pela qual a vida e o estudo
nesta Universidade ganham sentido.
Aluna do 4º ano do Curso de Direito da UFPR
* Livro disponível na Biblioteca de Ciências Humanas.
Número de chamada: 335.4 M392 CON
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