Páginas

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Jazz e Jazz


 Por: Prof. Dr. Rodrigo Luís Kanayama

O trompete de Miles Davis ressoou. Thelonious Monk tocou 'Round Midnight no piano. Sonny Rollins soprou seu sax. Woody Allen contou suas piadas. O trio de Bill Evans musicou domingos. Tudo em apenas um lugar: no Village Vanguard.

The Village Vanguard, 1976
Na década de 1930, Max Gordon (1903-1989) inaugurou uma casa noturna que se tornou o ícone do jazz nova-iorquino, estabelecida em Greenwich Village, 178 7th Avenue South. A história é contada em seu livro "Ao Vivo no Village Vanguard", aqui editado pela Cosac Naify. Recheado por fotografias das noites de Nova Iorque e dos músicos que tocavam em sua casa, Max descreve os anos que viveu a frente de um dos principais redutos do jazz nos Estados Unidos. Por lá, passaram – e se formaram – grandes nomes, hoje ainda ouvidos.

Narra altos e baixos do local. Foi quase fechado quando a polícia começou a coibir o LSD. Passou por diversas dificuldades burocráticas e financeiras.

A parte que mais despertou a minha atenção foi quando desvendou idiossincrasias de pessoas importantes, como Miles Davis. Músico temperamental e exigente quanto aos pagamentos – "Miles sempre gostava de receber mil dólares adiantados antes de estrear" –, jamais dirigiu a palavra à plateia. E perguntado por Max porque não se relacionar com ela, Miles respondia: "Eu sou músico, não sou comediante".

Miles gostou de ver Barbra Streisand, mas não quis tocar com ela. Miles apanhou da polícia em frente ao Birdland, outro tradicional bar de jazz, mas não arredou o pé. Miles não pagava a conta quando ia ao Vanguard e bebia champanhe. Foi – disse Max – o mais duro de lidar.

The Village Vanguard atualmente
Nova Iorque e jazz são inerentes um ao outro. Não conheço o Village Vanguard. Fui ao Birdland, que fica na 315 W 44th St, Nova Iorque. Lá conversei, em 2011, com Mark Murphy, um músico nova-iorquino de jazz, que acabara de se apresentar. Após cumprimentá-lo, ele perguntou-me de onde era. Disse-lhe que era do Brasil, de Curitiba. A minha surpresa veio em seguida, quando Mark contou-me que conheceu Curitiba na década de 1980, quando cantou no Brasil. Ganhei a noite.

Para quem gosta de Jazz, recomendo a leitura do "Ao Vivo no Village Vanguard", de Max Gordon. De preferência, ouvindo jazz.

Pensando na trilha sonora, criei uma playlist no Spotify chamada Ao Vivo no Village Vanguard. Pode ser acessada aqui.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlszAZVxZPq5ppJHMvxApd06pUIydGyiCieAixjGhYg4bUDhiRMcgQS-zkjeSqpWpNB1IUUy2KxTmexiwnVKslNBnztC4rYZ_UieNK22JBmhkGzc0bDfB9xoPAmAwy1e1HKTlSKV-ybAs/s1600/Dexter_Gordon_&_Benny_Bailey.jpg
Dexter Gordon e Benny Bailey, 1977
http://en.wikipedia.org/wiki/Village_Vanguard#mediaviewer/File:Maxine_Sullivan_Village_vanguard_ca._19478.jpg
Maxine Sullivan, 1947

 Fotos: Wikipedia

Um comentário:

  1. Postei algo e se perdeu...mas vamos lá... bem perto do VV tem o Smalls, um pequeno club de jazz, blues e experimentações, a um custo baratíssimo que na época em que conheci não tinha licença para vender álcool, tinha que se levar. uma pequena porta, uma escada podre e um porão. tb vale a pena!

    ResponderExcluir