O estudo de direitos
humanos demanda igualmente um espaço de conforto e deslocamento de suas próprias raízes. O espaço
de conforto faz-se necessário para propiciar que o aprendizado insira-se na
vida, nas vivências do pesquisador. Mas o deslocamento é igualmente necessário,
pois possibilita sair dos campos conhecidos e exercitar a alteridade e suas
potencialidades de diálogo.
É a partir desta dupla localização que podemos
compreender a necessidade e importância de eventos acadêmicos como o promovido
pela Washington University: o Julgamento Simulado sobre Sistema Interamericano
de Direitos Humanos. A competição está em sua 18ª edição e ocorre todos os anos
na American College of Law em Washington D.C, capital norte-americana.
Na última edição, ocorrida entre os dias 18 a 23 de maio,
participei como técnica da equipe do Centro Universitário Curitiba
(Unicuritiba). Os oradores (Bruna Singh e Wagner Cordeiro), o auxiliar técnico
(Felipe Telles) e os observadores (Juliana Furlan, Roberta Pasquali, Guilherme
Ozório, Jéssica Spieler, Syllas Fonseca) são alunos participantes do grupo de
pesquisa que coordeno naquela instituição sobre sistema interamericano de
direitos humanos e suas repercussões no Brasil. Temos estudado o sistema e sua
jurisprudência há pouco mais de um ano, o que foi fundamental para a boa colocação
obtida na competição. Entretanto, mesmo com a experiência prévia, os dias em
Washington foram fundamentais para promover imersão no tema de direitos humanos
e compartilhar experiências com as equipes dos diversos países. Na última edição
foram cerca de 100 equipes, majoritariamente das Américas, mas também da
Europa, Ásia e África.
A competição promove
uma simulação de um caso envolvendo supostas violações de direitos humanos no
sistema interamericano. As equipes participantes recebem o papel de
representantes da vítima ou agentes do Estado e em conformidade com a função
designada apresentam memorial, e participam de simulações de audiências da
Corte Interamericana.Este
modelo possibilita que se inverta o foco e o aluno seja o principal responsável por seu aprendizado, cabendo ao técnico, orientações pontuais. Cabe
aos alunos assumirem o papel estabelecido, com a responsabilidade típica de um
profissional. A pesquisa, redação, preparação para a exposição oral, bem como a
preparação para as perguntas técnicas e fáticas do caso. Como resultado mais
visível está a formação de raciocínio jurídico em direito internacional dos
direitos humanos, pois cada argumento demandava que se preparassem para possíveis
réplicas dos representantes do Estado. Ademais, os alunos puderam relacionar
conhecimento de diversas matérias, pois o caso envolvia questões relacionadas a
direitos sexuais e reprodutivos, direitos sociais, interdição, ocorrência
de tortura, dentre outros.
Foto do recebimento da premiação de melhor memorial da vítima em língua portuguesa. Entre os representantes da competição: Heloisa, Wagner, Bruna, Felipe, Juliana e Jéssica. |
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