Os entusiastas das "sagas literárias" que me
perdoem, mas arte é fundamental. A literatura-arte brasileira perdeu muito nas
últimas semanas com a morte de três dos seus grandes representantes.
Uma das piores sensações é a de que se vão três dos últimos,
dos bons de verdade, dos que têm com o fundamento da escrita o seu compromisso,
pois eis que aqui reside a diferença fundamental entre a literatura e o seu
contrário, quando estamos diante de uma obra de arte literária, a ficção está
na forma, na riqueza e capacidade de recriação da língua, do contrário, a
ficção é criada e permanece apenas no conteúdo, essa é, em geral, a fórmula
usada pelos escritores que encabeçam por semanas as listas dos livros mais
vendidos e quem sabe, mais lidos também.
Com João Ubaldo Ribeiro é diferente, ele é um dos poucos
escritores que domina com maestria a arte de escrever bem, empregando seu
estilo sarcástico-pitoresco, sobre uma temática tão vasta que vai da política à
"Casa dos Budas Ditosos", aqui eu nem ousaria atribuir um tema a essa
obra, quem não corou ao lê-la?!
Rubem Alves, além dos contos e da Literatura Infantil, deixa
uma forte contribuição à Educação, não à toa que é tão amado pelos educadores.
Nunca esquecerei o que ele disse numa palestra que tive o privilégio de
assistir: "ostra feliz não produz pérola."
E Suassuna, que além de grande romancista e dramaturgo deixa
uma enorme contribuição à teoria da cultura brasileira, ele é o fundador do
movimento armorial que estendeu seus fundamentos à música, teatro e
arquitetura.
Mas o Brasil é o país da memória curta, amanhã seguiremos
nossas vidas, mais pobre culturalmente, é verdade, mas sigamos pelo menos com o
compromisso de testemunhar às gerações futuras que participamos, em plena e
franca produção, do legado desses Mestres que saem de cena, mas que aqui
recebem o carinho e o reconhecimento que merecem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário