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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Livro inesquecível

Contribuição para a Crítica da Economia Política, de Karl Marx



MARX, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. 2. ed. Lisboa: Estampa, 1973. 365p. (Teoria; v. 8). *

Sem dúvida, a obra mais importante na construção da minha formação e compreensão de mundo nesta biblioteca é “Contribuição para a Crítica da Economia Política”.

Diante da necessidade mais elementar de vendermos nossa força de trabalho para garantirmos a reprodução da vida, que também evidenciamos no Direito em virtude da permanente e profunda proletarização da profissão, bem como de toda a mercadoria que nos rodeia ser produzida com mais valia e o trabalho estranhado no Brasil ocupar pelo menos 1/3 de cada dia de vida dos homens e mulheres, Marx esclarece a anatomia da Sociedade Civil pautada na Economia Política e centralidade do trabalho.

Na produção social da vida, originam-se relações determinadas e independentes da vontade dos homens. Essas relações de produção correspondem a determinado momento de desenvolvimento das forças produtivas materiais, o escravo, o servo, e atualmente o trabalhador, conforme os distintos momentos de desenvolvimento.

Para Marx, “o conjunto das relações de produção  forma  a  estrutura  econômica  da sociedade(...) o modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral.”

O grande salto qualitativo aqui, se expressa no movimento dialético de confronto entre contradições e superação dos modelos de produção.

Aparece a grande ilusão dos incautos: sim! Nascemos e possivelmente morreremos durante o modo de produção capitalista, entretanto, não existe estagnação nas relações sociais. E assim como houve a superação do modelo de produção feudal, asiático e escravista, uma nova forma de organização suplantará o modelo capitalista. É o movimento dialético da história.

Isso acontece quando, em certo período de desenvolvimento, as forças produtivas  materiais (instrumentos  de  produção,  técnicas,  tecnologias)  não  são  mais  compatíveis  à  forma de  organização  da  produção.

Quando ocorre, as relações de produção atuais e sua expressão jurídica são óbices ao contínuo desenvolvimento das forças produtivas. Estala-se um período de revolução social. Bom exemplo é a necessidade da Revolução Francesa para combater o feudalismo e construir o capitalismo em novos marcos jurídicos burgueses, diante da transformação das forças produtivas ocorrida e da nova classe em ascensão: “Ao mudar  a  base  econômica,  revoluciona-se, mais  ou menos  rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela.”

No desenvolvimento das forças produtivas, contradições materiais em seu meio nos permitem a solução dos antagonismos e “nenhuma formação social desaparece antes que se  desenvolvam  todas  as forças produtivas que ela contém, e jamais aparecem relações de produção novas e mais altas antes de amadurecerem no seio da própria sociedade antiga as condições materiais para a sua existência.”

Sendo assim, a humanidade se coloca objetivos que pode alcançar, objetivos que se criam  somente  quando    estão  em  gestação condições materiais para sua realização.

E aqui está a relevância dessa obra, diante das doenças do trabalho, do trabalho precário, trabalho informal, trabalho análogo ao escravo, do excedente expropriado pelo empregador, do roubo do tempo de vida dos homens, pelo e para o capital, só existe uma opção: a contradição capital/trabalho no desenvolvimento das forças produtivas será necessariamente superada por uma nova sociedade, um modelo de organização de produção socialista, gerido pela maioria explorada, pela qual a vida e o estudo nesta Universidade ganham sentido.

Aluna do 4º ano do Curso de Direito da UFPR

* Livro disponível na Biblioteca de Ciências Humanas.  
Número de chamada: 335.4 M392 CON

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